domingo, 27 de março de 2011

Feira rotineira


Escrever sobre o tempo e a rotina

tem algo haver com desembaçar as lentes de um antropólogo antropófago

como bricolagem de retinas à campo introduzidas na interação primitiva no caos dos dias

Busquem a significação local nos infortúnios triviais, já diria

Encontre beleza nas virgens desfilando por  passarelas opacas

Na feria de meretrizes desgastadas pelas solas dos pneus

No hospício junto aos encarcerados do lado de fora

Juntos as freiras em ruas tumultuadas agonizantes

Entre cafés de pseudo intelectuais em jornais diários

No apelo do homem no sótão tocando seu órgão seco

No soco do estômago dos famintos e famigerados

Nas lustrosas madames e seus cachorrinhos personalizados

Nas tocas  urbanas escuras, nos ocos da madrugada

No desfiladeiro das travessas- viadutos

Na intervenção colorida nas ruas

No silêncio das senhoras casadas

No tocante à enxada do lavrador 

No edifício vertical- vitral

no ritual, batuque do ritmo

nas festas de romaria

folguedos

água de flor



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Não, São Paulo não me cativou nesse ano. Para mim, privilégio não é estar onde “todo mundo está”, mas estar em um lugar onde se pode, num ...